sábado, 5 de junho de 2010

O Outro Lado (II parte)

A escuridão ainda esconde o seu rosto de maneira súbita. Eu continuo sem saber quem é este homem que me toca de maneira tão doce e apaixonada.
E nesta atmosfera sombria e sensual, ele puxa o cobertor que envolvia meu corpo e de maneira singela, coloca suas mãos sobre as minhas pernas me fazendo arrepiar.
Eu fecho os olhos, não sei como explicar, mas, decidi entregar-me a o que estava acontecendo, e se por um lado não posso contemplar os traços do seu rosto, excluído da minha história pela escuridão da madrugada, quero ao menos sentir o seu toque.
Suas mãos frias e precisas deslizam pelas minhas pernas enquanto repousa o rosto sobre meu peito ofegante. Sinto seus cabelos longos e macios, seu doce perfume. Aos poucos ele levanta o meu vestido - que eu costumava usar para dormir - até a altura do meu seio - sem despi-los - e beijou-me o abdômen. Continuou beijando-o de maneira apaixonada, tocando-o com a própria face como se fosse algo tão almejado.
Eu entro em transe, meus pensamentos aparecem e desaparecem como flashes em minha mente confusa. “Que loucura! Um estranho invade meu quarto, meus sonhos, o mínimo que eu deveria fazer era gritar!” No início eu até quis, mas agora, eu rezo para que ninguém da minha família acorde. “Mas, e se ele for um louco, um estuprador?” Eu até pensei em gritar, mas, repentinamente o rapaz levanta e corre para o lado oposto do meu quarto. Da minha cama eu ainda posso ouvir sua respiração forte e cheia de angústia.
Sento-me novamente, confusa. O que está acontecendo? Eu realmente pensei em gritar, mas não o faria, pois, sinto que algo liga a minha alma a daquele estranho.
Levanto e caminho em sua direção lentamente, sem querer assustá-lo. Mas, quando chego à metade do caminho ele abre a porta do meu quarto e corre. Eu vou atrás dele, mas, ao chegar à sala vejo uma figura estranha caída ao chão.
Será este o mesmo homem dono daquelas melodias que embalavam meus sonhos há pouco?
Seu rosto ainda é um mistério para mim. Suas roupas são estranhas e, com certeza, não são desta mesma época. Me aproximo devagar, tomada por um medo aterrorizante, mas sei que preciso ir até o fim, pois a realidade se mostrou mais confusa do que já estava. Algo trouxe aquele homem ao meu encontro e eu preciso descobrir o que é.

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